segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Trilhos da noite

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Peguei um trem
Na estação da solidão
Na noite vazia...
Pela janela vejo
Muitas faces disformes
Atravesso as multidões
Busco um rosto
Que está sempre em meus sonhos
E me perco em minha esperança
Perco-me em minha insensatez
Prostituo meus sentidos
Devasso minhas emoções
E me arrependo
Sim, me odeio por estar
Em mim, por estar só novamente

E esqueço uma palavra, tão vulgar
Tão comum que me foge

Depressão descontinua
De um humor dilacerado
Que está sempre escondido
Longe dos olhos vorazes
De quem sempre quer
Transformar em novela
Uma vida solitária

Na cabeça uma falta de idéia
Uma falta de emoção
Uma falta de algo
Que só há em meus delírios
E que se esconde da vida real
Depois que o sonho acaba

Deparo-me a todo o momento
Comigo em todos os tempos
E quanto mais fujo do esgoto
Escuro e lúgubre em que se esconde
Minha fúria e meu coração
Mais me afogo em minha repugnância

Sou ator de minha dor
Cada lagrima reprimida
Tem as costas de um sorriso


E por isso, ninguém me vê

Meus sentimentos são tão passageiros
Tão rápidos
Minha saudade é um flash
Meu amor é uma impressão
Minha paixão... não dura
Uma diferença

Estou aqui agora
No trem de minhas angústias
No último vagão
Onde ninguém me vê
No vagão sem luz
Sem poltronas
Sem ninguém
Sem vagão


Augusto F. Guerra