quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Como nasce uma vilão


Pensei que fosse uma crise

Um desses momentos de raiva,

De egoísmo, de desânimo...

Mas era simplesmente eu


Um eu oprimido, sufocado

Um eu de sentimentos pouco nobres

Um eu de leviandade, de mesquinhez

Um eu sem altruísmo,

Um eu pobre e egoísta


Mas ante a vil descoberta

Cintilava, em algum espaço

Da consciência, um sorriso sincero

Uma manifestação sutil

De sinceridade

Tímida, mas

De uma satisfação

Única


Satisfação do não esconder,

A verdade

Não mais... A ‘vilania’ inata

Uma complexidade de sentidos

A crueldade de ser bom

Na anulação continua

Da padronização imposta

E a maldade latente

De ser sincero somente

No crepúsculo

Da solidão


Do silêncio se fez a voz

Da dormência a atividade contínua

Do medo a coragem emergente

Da demência a efusão de razão e idéias


Mostro meu rosto

Inda ruborizado e prematuro

Ergo o braço. Aponto cada semblante

Com interrogações nas sobrancelhas


E antes que se macule, com o taciturno

E coletivo desprezo da corja dos dementes,

Minh’alma

Mergulho na musica dissonante

E repleta de contratempos,

E contrapontos

De ser

Eu mesmo

Augusto F. Guerra