quinta-feira, 2 de julho de 2009

Frankstein do subúrbio



Frankstein do subúrbio


As promoções e os saldões dos supermercados e lojas de eletrodomésticos sempre são recheadas de estórias engraçadas. Que dizer então dos saldões de produtos em avaria? Alguns aparelhos apresentam pequeninos problemas, quase imperceptíveis. Mas há aparelhos que parecem ter sidos encontrados no lixo. Às vezes nos perguntamos se realmente não vieram de lá. O que tira a pulga de trás da orelha é o fato desses produtos serem lançamentos ou algo próximo disso. Os casos são os mais diversos, seja pelo cliente que compra uma camisa branca imunda, com um com a manga rasgada (mas é de marca! Bota na q’boa que fica bom), seja pelo tapado que compra um ar-condicionado com uma pecinha quebrada (a peça é o preço de um ar condicionado novo!) Pense! Nesses saldões sempre tem um espertinho que em meio àquela pobreza de doer acaba saindo com um parelho “novo”. Pega um botão daqui, um fio de lá, uma tampa desse, um cabo daquele... “Tá quase novo!” “Ninguém diz que comprei num saldão”. Até parece! Esses produtos têm uma aura própria, por mais que se arrume, todo mundo pergunta: “Comprô no saldão, foi? Vi um igualzinho onti, na loja Insinu...”. É uma miséria, pra não dizer uma desgraça mesmo. E na loja é aquela vergonha, se esconde daqui, se esconde dali. E se ver um conhecido

-Você por aqui?

- Vim que movimento era esse.

- Vai levá alguma coisa?

- Vixe, tudo quebrado assim? Só compro novo. Deixa eu ì ali qui no médico.

Quando o(a) amigo(a) vai embora ele(a) volta e compra a máquina de lavar sem tampa. Ou o liquidificador com o copo trincado.

E aquele cliente que vai comprar um ventilador! Um sem a base, o outro sem hélice, aquele sem o knob(botão de ligar), o outro sem fio( e por aí vai).Ele pega o “menos pior”: não tem o knob, nem o tampo da base. A fiação toda exposta em baixo. Problema? Que nada, bota uma fórmica, uma madeira, um pedaço de piso de cerâmica em baixo, resolvido. E o knob? “Hum... o ventilador sem base ali do lado tem um knob”, Parece maior, mas dá-se um jeito”. Ele pega o ventilador e leva a uma tomada para testar(sem a ajuda do vendedor, é claro). Tenta encaixar o knob, que não entra direito. Aperta daqui, dali, de um lado, para o outro, mexe,remexe, meche de novo, e... “catabum”. O ventilador dá um pipoco. Em baixo da base fica pendurado um pedaço de ferro preso só por um fio... E a desgraça: do lado, o atendente lhe olhando com uma cara de pai enfesado. E o cliente num monologo quase infantil.

- Rapá...o negóço, tava quebradu! Tu viu?

- Rapá..

- É...Rapá!

O atendente continua parado com aquele olhar devastador. O cliente volta a ser criança, mas com a consciência envergonhante de ser um adulto (e que adulto!). Então ele pensa:

- Antes ele me desse um murro.

Mas o atendente não fala nada; continua olhando quase a lhe dizer o que tem de fazer: “Agora compre!”. O cliente, carregando toda a vergonha do mundo nos ombros (nessas horas parece que todo mundo ta olhando pra você), pega o ventilador, ergue-o e sai andando pela loja (com passos bem leves e movimentos suaves para ninguém perceber seu deslocamento) Um aparelho quebrado, com um pedaço de ferro pendurado só por um fiozinho. E do lado a esposa “Tu vai levar isso, é? Vai fazer o que com isso? Vai comprar isso pra que?” E a vergonha comendo no centro (consumindo). Vontade de esganar aquela “miséra”! Mas Deus que é todo bondoso e misericordioso, e que sabe da pureza que habita em nossos corações sempre nos mostra um caminho. O caminho da redenção, a saída mais nobre e salvadora: um montesino, uma coluna formada só de papel higiênico. Ele joga o ventilador lá, acelera o passo , adianta o lado (pra sair da loja sem o atendente lhe chamar) e segue sua busca: montar sua casa com produtos bons, baratos, de marca e “personalizados”.

Augusto F. Guerra

Pescocinho de galinha



Pescocinho de galinha



- Professor.

- Diga, Demival.

- Posso lanchar?

- Claro que não. Tá em horário de aula. Lanche só no intervalo.

- Ô, professor! Eu to com fome.

- Que fome o que, rapaz? Estamos na primeira aula da tarde. Você acabou de chegar. Não almoçou em casa não, foi? – falou ironicamente o professor.

- Não.

-Não?!

-Oxe! Por que não almoçou, Demival?

- Minha mãe não fez o almoço. Ela sempre chega do trabalho atrasada. Aí, eu sempre como qualquer coisa.

-Você não comeu nada, nada?

- Só um pescocinho de galinha.

- Pescocinho de galinha? Nem uma coxa, um peito?

- Minha mãe e meu pai comem as coxas e o peito. Eu como o pescoço e o pé da galinha.

- Sacanagem! Deixaram só o pescoço para você?

- Mas eu gosto, professor, de pescocinho de galinha.



Augusto F. Guerra

Poema insolente


Poema insolente



Mexe pra frente

Mexe pra trás

Balança a bundinha

Dá uma requebradinha

Ops! Acho que virei demente!!!


Augusto F. Guerra

Papo difícil


Papo difícil


- Ouvindo pagode de novo? Será que você só pensa nisso menino? Vai estudar.

- ?

- Pagode não dá futuro pra ninguém.

- ?

- Vai estudar para o vestibular. Pega aí, um livro de matemática de biologia, química...

-?

- Você já decidiu qual o curso no qual você vai se inscrever para o vestibular?

-?

- Eduardo! Meu filho! Você bem? Eduardo!!!

-?




...Mexe pra frente

Mexe pra trás

Balança a bundinha

Dá uma requebradinha.



Augusto. F. Guerra