segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

2010 uma odisséia em meu quintal

José era um jovem de 7 anos que morava em um barraco numa favela na cidade de Salvador. Era um local sem qualquer infra-estrutura. A dignidade havia passado longe dali. José tinha um sonho. Como assistia muitos filmes de ficção científica sobre alienígenas e seres interplanetários, imaginava um dia poder ver ou ter contato com estes seres. Certa noite, em torno das 3hs da madrugada, José acordou com uma luz estranha em seu quintal, um barulho muito grande. Não conseguia identificar aquele som estranho que parecia vir do céu. Por um instante seus olhos brilharam. Claro, só podia ser uma nave espacial. Ele não podia perder a oportunidade de ver aquilo. Correu para a cozinha da casa. Seus pais saíram do quarto no mesmo instante. Ainda disseram. “José, não”. Mas aquela talvez fosse a única oportunidade de ele, José, ter um contato extraterrestre. Não pensou duas vezes, abriu a porta e saiu correndo para o quintal. Olhou para cima a luz forte cegava seus olhos. Antes que pudesse identificar o formato do objeto voador, uma bala atravessou sua cabeça. Seu corpo desabou no chão. Os policiais pularam o muro e correram em direção ao menino, enquanto o helicóptero continuava a percorrer a favela em busca de uma quadrilha de traficantes.


Augusto F. Guerra

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Novos vendavais( trilogia)




I. Nuvem de neon



Não sei quando nem como

Mas algo bagunçou aqui dentro

Meu reflexo era tão claro e preciso

De repente... Meu espelho ficou míope


II. Natureza morta



A brisa suave da noite veio

Deixou-me tonto e confuso

Perdi o equilíbrio, quase caí


Um cheiro de estrelas ficou

Impregnado em meus sonhos

Na casa de taipa vi...

A grande roda de madeira

Começar a brincar com o rio

Beijar-lhe a pele dissolúvel

E tentar desesperadamente

Reter suas águas

Que infiltravam na madeira

Velha e úmida

Acariciavam seu espírito

E viravam vapor



III. Passos de pó



Peguei uma corda

Forte e resistente

Lacei um nó

Amarrei-a

Num ponto alto

Da casa

Depois preparei

Uma alça

Com o diâmetro

Exato

Firme subi num banco

Certo da minha decisão

Alcei a corda

Bem apertada

Depois saltei do banco


Do chão observei embargado

O estrangulamento da minha

Poesia




Augusto F. Guerra