domingo, 6 de dezembro de 2009

Esfinge


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Caminhava pela estrada sombria e escura; a neblina dificultava a visão ao redor; próximo às ruínas de um velho palácio, avistei um vulto. Parecia um animal: um leão, ou um tigre. Parei, hesitei... Ao perceber minha presença a fera começou a se aproximar. Não sabendo o que fazer, fiquei parado, estático. Qual foi o meu susto diante do que vi: cabeça de gente; corpo de felino e asas enormes. O estranho ser saltou sobre uma coluna próxima de onde eu me recostava e mergulhou seus olhos nos meus até as profundezas de minha alma. Era um rosto feminino, belo e sedutor. Olhos e cabelos negros e brilhantes. Uma pele alva e sedosa. Encantadora. Meio que hipnotizado, sentei numa pedra junto à coluna, e comecei a contemplá-la. Os poucos instantes que nos fintamos pareceu uma eternidade para mim. De repente, de forma cruel ela se afastou de mim. Não podia me mexer. A cada passo seu distante de mim, sentia minha carne dilacerando e o peito a agonizar. Através da neblina densa, ela desapareceu para sempre. Desolado, triste e confuso, segui meu caminho. Apesar de ter se passado muito tempo desde o ocorrido, aquela criatura permanece muito viva em minha memória e em meus desejos.

Augusto F. Guerra

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