segunda-feira, 4 de outubro de 2010

1,3 milhões de razões para lastimar


No último dia 03 de outubro, tive certeza de que 1,3 milhões de brasileiros não sabem a diferença entre política e circo. Um comediante e palhaço chamado Tiririca foi eleito deputado federal com 1,3 milhões de votos. Nada contra artistas se candidatarem a cargos políticos. Mas tudo contra um candidato que aparece no horário eleitoral fantasiado, sempre brincando e ainda diz que não sabe o que um deputado faz, mas se for eleito vai saber! Durante todo o período da propaganda gratuita eleitoral o Tiririca não apresentou uma única proposta, só brincou e fez palhaçada. No entanto foi o deputado federal mais votado.

Que a massa eleitoral não sabe votar eu já sabia, mas que era burra é novidade para mim. No dia seguinte às eleições ainda ouvi alguns comentários defensivos ao tal palhaço: “o povo votou como uma forma de protesto”, “ele pelo menos falou a verdade, não enganou ninguém”. A grande massa se contenta com muito pouco, ou com nada, que foi o que o candidato deles prometeu. Agora eu me pergunto, se um desses 1,3 milhões que elegeram o comediante contratasse um pedreiro para fazer uma casa e este lhes dissesse “Eu não sei fazer uma casa, mas se você me der uma chance eu vou saber como se faz”, será que o profissional seria contratado para o serviço? Se um professor entrasse numa sala de aula de um filho desses 1.3 milhões de brasileiros que endossaram o piadista e dissesse “Eu não sei dar aula, mas se vocês permitirem eu posso aprender como é que se faz”; o que estes brasileiros fariam? Se dissessem sim a essas respostas, ou lhes falta razão, ou inteligência.

Não tenho absolutamente nada contra o tal Tiririca, até acho que ele possa ter um potencial desconhecido. Não o julgo como ser humano, nem tão pouco seu intelecto. Mas o julgo como candidato que brincou com nossa cena política e ainda foi votado por uma grande parte da população brasileira. Além de toda essa fanfarronice, o tal, agora, deputado federal é acusado de ser analfabeto, por duas das maiores revistas do país. Agora imagine: um deputado que não escreve seus projetos, nem pode ler documentos... Como é que funciona isso mesmo? Eu não entendo. Talvez seja modernidade demais para mim, ou estupidez alheia demais para aceitar.

Bem, no final das contas eu espero que, ou o agora deputado federal Tiririca seja uma revelação da política brasileira, e eu queime minha língua, ou que os 1,3 milhões de brasileiros que votaram nele se decepcionem muito, tenham um boa lição de cidadania e aprendam a votar conscientemente. E eu, vou ficar por aqui, na expectativa por me contradizer ou de amargar 4 anos de palhaçada na política nacional.

Augusto F. Guerra

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