sábado, 8 de outubro de 2011

Epitáfio de veludo

As lágrimas estão cansadas. Não conseguem mais trilhar o caminho dos olhos. Foram tantas idas e vindas que a árida estrada ressecou a vontade. Suas rachaduras são visíveis a cada centímetro de pretensão. O sol de cada dia petrificou a emoção que insensível e fria agora luta para permanecer sempre da mesma cor: cor de azeviche. E como tal permanece sólida e pétrea à procura de seu subsolo preferido para se conter. Não há mais por que chorar, se não mais lágrimas nem emoção são combustíveis para a dor. Só há o que queimar, para que, em coerência com o deserto meu de cada dia, eu me desfaça em cinzas.






Augusto. F. Guerra

Um comentário:

Anônimo disse...

A cada palavra lida, fui me identificando entre as linhas. Texto muito bem escrito e expressivo. Parabéns :D

acabou de ganhar mais uma fã : )
abraços .