A aula havia acabado de começar. Era
semana de prova. O professor, como sempre muito atento, observava cada aluno
cuidadosamente na busca de uma atitude suspeita que denunciasse a cola.
- Mauro, senta direito; virado para
frente.
- Ester, costas na cadeira!
- Marta, abaixa a prova!
Foram assim os primeiros minutos.
Poucas situações realmente suspeitas; até que um dos alunos deixou cair o
lápis. O professor, como um felino selvagem que encontra a sua presa, fixou os
olhos no aluno numa tácita acusação.
- Professor, posso pegar o lápis?
- Então acha que não conheço essa
estratégia?
- Estratégia? Posso pegar o lápis?
- A velha estratégia do lápis. Se cai
uma vez é a questão 1; se cai vinte vezes nos próximos 6 minutos a resposta
está dada a toda a sala: questão 20, e
letra F. Ou ainda, o lápis pode ser um código. O L de lápis simboliza a questão
12, já que o L é a 12ª letra do alfabeto. E as letras A, P, I e S, respectivamente
indicam a resposta da questão de matemática: 116918; que deve ser uma das
alternativas entre as letras A e E da questão 12!
- Professor, a prova é de português!
- Correto, mas deve haver uma questão
12 com uma alternativa 116918!
- Professor, a prova só tem 10
questões e todas são abertas.
- Sim, mas 116918 pode ser um código,
por exemplo, para a palavra “lápis”; que pode ser uma alternativa para a
questão 12!
- Professor, o senhor está louco?
Posso pegar meu lápis, por favor, que continua no chão? Preciso terminar de
responder a questão da prova.
A turma toda naquele momento havia
parado de fazer a prova para ouvir o discurso do professor. Atônitos, nenhum
dos alunos ousava falar sequer um “aí”.
- Posso pegar o lápis, professor?
- Claro! Mas cuidado, estou de olho em
você.
Aos pouco, os alunos foram retomando a
concentração e recobrando o raciocínio necessário para concluir a resolução da prova.
Alguns minutos depois, o silêncio foi novamente quebrado, agora, pela voz de
uma simpática aluna:
- Professor, posso pegar minha
lapiseira pra fazer a ponta do meu lápis?
- Aha! A velha estratégia da
lapiseira!
Augusto F. Guerra
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