sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Porca hipocrisia


Malditos dias de mediocridade humana! Depois ainda me perguntam por que sou anti-social. Não há outro caminha para o indivíduo que se descobre enquanto essência. O coletivo está repleto de seres com valores absolutamente corrompidos. E o pior é que estas beldades ainda se acham os donos da verdade. Outro dia pensei em colocar meu nome nos dicionários de língua portuguesa. É sério! Imaginem:


Au.gus.to Guer.ra - s.m 1. detentor de apurada consciência. 2. uma ilha de sabedoria e consciência em meio a um mar de mediocridade. 3. adj. Consciente, sábio, sincero, avesso à mediocridade e hipocrisia.


Mas acho que não seria tão útil fazê-lo. Afinal esse é o tipo de vocábulo que as pessoas menos procuram num dicionário. Na verdade, a maior parte das pessoas nem consulta um dicionário. Muitos nem devem saber o que é um. Acho que esse excesso de mediocridade faz com que as pessoas se debandem para o pior dos defeitos humanos: a hipocrisia. Nossa! Essa última fede. Como? Caros leitores! Vocês ainda não perceberam esse cheiro insuportável? È um verdadeira inhaca que impregna todo o ambiente. Normalmente não distinguimos um cheiro quando estamos impregnados por ele, ou quando nosso olfato não anda lá muito bem, o que pode significar algum problema fisiológico! Espero que não seja o primeiro caso, o de vocês. Acho que talvez a hipocrisia seja uma doença. È... Pode ser! Outro dia um amigo me palestrou sobre uma opinião parecida. Acho que, como ele disse, ela deve atacar os sentidos humanos. Primeiro o olfato, por isso muitos de vocês não sentem esse odor terrível. E é essa uma doença tão horrível. Parece que também ataca as células nervosas e desfaz as sinapses. Normalmente uma pessoa atacada por esse mal não percebe bem o mundo ao seu redor. Hum! Por isso que elas dizem uma coisa e fazem outra! Seu poder de reflexão e percepção é gradualmente danificado. O pior é que, como meu amigo me palestrou, é essa uma doença crônica. Não tem cura. Assim como a AIDS, o câncer, o mal de Parkinson, o de Alzheimer e outras tantas doenças desse tipo. Diante do que ele me informou comecei a não mais sentir raiva dos hipócritas, mas uma tremenda piedade e compaixão. No final das contas, são pobres seres acometidos de um grave mal. Mas o que me deixa mais triste é que tenho muitos entes queridos que sofrem desse mal. E me sinto deveras abatido por ter tanto conhecimento sobre esse problema, mas nada poder fazer por eles. Inclusive, já ia me esquecendo, meu amigo me pediu que nunca contrariasse um hipócrita. Eles podem se tornar agressivos. Alguns até agem com violência. E a última coisa que eu faria é trazer mais sofrimento para um amigo ou um parente. Por isso, os vejo agir de maneira tão torpe e nunca lhes compartilho minhas opiniões contrárias. Tenho um primo, o Getúlio. Gosto tanto dele. Mas tenho que admitir que não nascemos para conviver no mesmo ambiente. Não que eu seja preconceituoso, mas a sua doença, a hipocrisia, prejudica muito nossas relações pessoais. Ele sempre me diz: “Guto, sempre seja verdadeiro com seus amigos.”, “Guto, seja sempre uma pessoa limpa e organizada.”, “Guto, jamais deixe de fazer seus afazeres”. Mas ao contrário de tudo que ele me diz, ele não faz nada. Ele é um grande fofoqueiro, porcalhão e irresponsável. Infelizmente, isso me tira o humor, mesmo porque ele sempre me participa dos problemas dos outros, sempre tem mil e uma desculpas para não realizar seus compromissos e é de uma bagunça e desorganização sem igual. Mas se eu, por um instante que seja, agir de forma similar a ele, ele para tudo que está fazendo para me passar um sabão. Estou um pouco cheio disso. Mas tenho que entender que é tudo conseqüência dessa nefasta doença. Ainda ontem meu amigo, que me palestrou sobre o mal da hipocrisia, me disse que não se chama mais isso de mal. Como a ciência e a medicina andam rápido no diagnóstico e nas pesquisas desses problemas! Agora há um termo novo e mais preciso para definir a hipocrisia: distúrbio de caráter.


Cruz, Fabio. Compilação de minhas verdades: por Augusto Guerra; pg. 48-49.

Augusto F. Guerra

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