Não... Não mais a sinto em minhas mãos
Esvaeceu-se minha razão...
Desvaneceu-me as alegrias
Na ponta de meus dedos... a solidão
Do frio e insólito desejo de uma vez mais
Mas quisera a sorte reservar-me
O não mais poder
O não mais criar
O não mais seguir
O não mais...
São onerosas as noites
Sem seu abrigo-canção
As tardes insidiosas
As manhãs dissonantes
Uma vez que não me abrigas mais
Remetem-me às lembranças
O fagote lisonjeiro
O fole em alto tom
O intercalar das cores
Do piano forte
Triste ironia, cômica tragédia
Cercado da beleza de seus iguais
Dos porta-vozes de seu esplendor
Eis me tácito e incapaz
Impotente ante a grandeza
Da enfermidade do abismo
Euterpe, Aede, rogam
À divindade por mim!
Pois que reside em mim
Ainda
A esperança imortal
De um dia quiçá
Pela dádiva
De Zeus
E comiseração
De Apolo
Deleitar-me
Uma vez mais
Da música que
Um dia habitava
Em mim
Joaquim A. Vasconccelos
Um comentário:
gostei.
é só o poema mesmo ou... a coisa tá pegando ai pra ti?!
beijo
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