sábado, 20 de setembro de 2008

Ode à Apolo


Não... Não mais a sinto em minhas mãos

Esvaeceu-se minha razão...

Desvaneceu-me as alegrias


Na ponta de meus dedos... a solidão

Do frio e insólito desejo de uma vez mais

Mas quisera a sorte reservar-me

O não mais poder

O não mais criar

O não mais seguir

O não mais...


São onerosas as noites

Sem seu abrigo-canção

As tardes insidiosas

As manhãs dissonantes

Uma vez que não me abrigas mais


Remetem-me às lembranças

O fagote lisonjeiro

O fole em alto tom

O intercalar das cores

Do piano forte


Triste ironia, cômica tragédia

Cercado da beleza de seus iguais

Dos porta-vozes de seu esplendor

Eis me tácito e incapaz


Impotente ante a grandeza

Da enfermidade do abismo


Euterpe, Aede, rogam

À divindade por mim!


Pois que reside em mim

Ainda

A esperança imortal

De um dia quiçá

Pela dádiva

De Zeus

E comiseração

De Apolo

Deleitar-me

Uma vez mais

Da música que

Um dia habitava

Em mim


Joaquim A. Vasconccelos

Um comentário:

L.r disse...

gostei.
é só o poema mesmo ou... a coisa tá pegando ai pra ti?!
beijo