Andei. Acho que uns dez quilômetros. Olhei para trás, não vi ninguém. Continuei andando. Depois de mais algumas passadas avistei um velho homem sentado numa pedra na beira da estrada. Caminhei até ele. Cabeça baixa e mãos no rosto, ele não percebeu minha aproximação, por isso com voz suave, para que não se assustasse, perguntei, “Posso ajudar, amigo?”. Ele levantou a cabeça. Seus olhos estavam vermelhos e úmidos. Seu semblante triste. Algo de grave parecia ter lhe acontecido. Não sei se morte, abandono ou tragédia. Ele me olhou fixamente nos olhos. E, antes de falar, deu um suspiro e disse de forma pesarosa e lânguida, “É que a vida é um eterno desassossego, moço”. Sentei-me ao seu lado e, como não o fazia há muito tempo, me pus a chorar.
Augusto F. Guerra
Um comentário:
talvez goste mais desse! (até agora)
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