Essa é interessante. Acho que o destino não me quis como um meliante. Sim, digo o destino porque foi pura sorte (ou azar!!!) eu ter sido pego em flagrante naquela tediosa e nublada manhã de segunda-feira. Vamos direto aos fatos. Eu era uma jovem criança de 4 anos. Morava com meus pais e meus dois irmãos. Nunca fui uma criança problema, pelo contrário, sempre fui muito quieto e comportado, afinal minha mãe sempre jogou duro e meu pai... Com esse não tinha nem brincadeira. Um pequeno deslize e ele lançava um daqueles olhares que era pior que uma surra. Meu irmão já era o oposto de mim, muito brincalhão e peralta. O fato é que nesse dia encontrava-me solitário, sem ninguém para brincar. Meu irmão como já se encontrava na idade estava na escola. Foi então que minha mãe me chamou para irmos à casa de uma ex-vizinha e amiga de nossa família: Dona Amália. Essa Dona Amália tinha dois filhos, o Cléber e a Sara. Convivíamos muito bem juntos. Brincávamos, brincávamos e brincávamos, e quando nos sobrava tempo, nas horas vagas, brincávamos um pouco mais para não perder o costume. Depois de algumas quadras lá chegamos. Para aumentar o meu tédio, ao chegarmos á casa da Dona Amália, percebi que seus filhos não se encontravam. Também haviam ido para aquela tal escola que meu irmão estudava. Puxa! Aquilo era realmente muito chato, duas senhoras conversando sobre seus interessantíssimos cotidianos de donas de casa, e eu lá, que nem uma besta sem ter o que fazer, sem ninguém para brincar. Percebendo a falta de atenção das duas mulheres para comigo, comecei a bisbilhotar pela casa. E eis que fulgurante e reluzente um tesouro vislumbrava-se diante dos meus pequeninos e cobiçosos olhos: um brinquedo. Na verdade eu era uma criança pobre, nunca tive muitos brinquedos, pra ser sincero eram bem poucos os que tinha. Finalmente minha cinzenta manhã colorira-se com um pouco de alegria. Então comecei a brincar com aquele pequenino brinquedo: um boneco do Pinóquio vermelho. Passados alguns minutos de diversão e distração, ouvi a voz de minha mãe a me chamar. “Guto, meu filho, vamos embora que é tarde”. Que droga, logo agora que começava a me divertir. Então diante daquela situação, no mínimo injusta- deveria existir uma lei que proibisse um adulto de interromper a diversão de uma criança- não exitei... Pelo que lembre na verdade nem pensei no que estava fazendo. Enfiei o boneco no bolso para que em casa pudesse dar seguimento à minha empreitada de diversão. Roubo! Na verdade nem sabia ao certo o que era isso. Tudo ia muito bem. Deixamos a casa de Dona Amália sem que de nada desconfiassem as duas mulheres. Porém, como todo réu primário, acabei por entregar-me por não conter-me em mim com o sucesso de minha empresa. No meio do caminho retirei o boneco do bolso e comecei a brincar. Ao perceber aquele objeto em minhas mãos minha mãe me indagou: “O que é isso, Guto?”. Em silêncio fiquei, em silêncio permaneci. “Guto, o que é isso?”. Agora ela colocou o vocativo no início da frase! “De quem é isso? Diga!”. É... Quando não tem mais vocativo na sentença da mamãe é porque lascou-se tudo. Além de me fazer devolver o brinquedo e pedir desculpas à Dona Amália levei uma tremenda surra ao chegar
Cruz, Fabio. Compilação de minhas verdades: por Augusto Guerra; pg. 9-10.
2 comentários:
Brincávamos, brincávamos e brincávamos, e quando nos sobrava tempo, nas horas vagas, brincávamos um pouco mais para não perder o costume.
Amei isso!!
Soh vc viu Fabãão!
Bjoo
Ola vi seu relato e ja como estou fazendo um trabalho sobre relatos você poderia responder algumas perguntas?
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